Nos dias atuais, com o mercado
competitivo, com vários fabricantes e fornecedores de diversos tipos de
produtos e serviços, a qualidade está se tornando uma necessidade premente, na
qual uma empresa que forneça bens e/ou serviços com baixa qualidade corre um
sério risco de ser descartada pelos mercados consumidores. Assim, a importância
da qualidade é que se converteu em um requisito básico para uma empresa competir
e se manter no mercado. Qualquer um pode adquirir um produto com a mesma
qualidade em diferentes partes do mundo, a concorrência deixou de ser local
para se tornar mundial, onde quanto menor for à barreira protecionista maior
será a concorrência e consequentemente a busca por novas técnicas e processos.
As empresas vêem a qualidade como uma ferramenta para a redução dos custos e
para a melhoria de sua imagem junto ao mercado consumidor. Empresas japonesas,
por exemplo, especializaram-se em qualidade, fazendo de suas marcas e produtos
uma referencia mundial.
Até os anos 90, o Brasileiro
não tinha muita idéia do que era qualidade e o que isso implicava. Muitas vezes
ele comprava um produto de alto custo, mas de baixa confiabilidade e
durabilidade e, entretanto, considerava isso natural, já que não tinha muitas
opções. O Brasil tinha um mercado altamente protegido que praticamente
inviabilizava a importação, e em alguns casos até mesmo proibia, pois suas
altas taxas impediam o brasileiro de adquirir um produto melhor que atendesse a
suas necessidades. A qualidade no Brasil passou a ter uma maior importância com
a liberação das importações, que colocou produtos mais modernos e com uma
melhor relação custo/beneficio. Isso obrigou as indústrias nacionais a
investirem em novos processos e ferramentas de gestão para manter seus produtos
competitivos neste novo cenário.
Da
mesma forma, vêm surgindo novos métodos e ferramentas para gerenciar a
qualidade. O gerenciamento da qualidade começou com a criação, pelas empresas,
de um departamento de qualidade que fazia as inspeções dos produtos no final de
algum processo considerado crítico. Um funcionário checava a conformidade do
produto através de inspeções visuais, que além de rotineiras, cansativas, estressantes
eram também imprecisas, pois este funcionário deveria aprovar, caso estivesse
correto, ou excluir, caso o produto tivesse alguma inconformidade, situação
essa bem onerosa, pois o produto considerado com defeito já tinha passado por
algum processo produtivo, o que implicou em recursos investidos sem obter um
resultado satisfatório, já que o produto recusado não podia continuar no
processo de produção ou ser colocado no mercado.
Havia
empresas que chegavam a produzir com qualidade, mas não tinham uma boa
administração da distribuição (atrasando a entrega ao consumidor, que acabava
comprando o produto da empresa concorrente), ou uma boa embalagem (que não
atraia o consumidor), ou um bom serviço de pós-venda (o que dificultava a
relação consumidor/empresa).
Para amenizar essas
perdas no processo produtivo e principalmente a de mercado, causada pela
insatisfação do consumidor pelo produto final, as indústrias deslocaram o
controle de qualidade para o processo onde eles checavam todas os agentes
envolvidos na produção, tais como fornecedores, processo de produção,
embalagem, transporte e assistência técnica.
Então as empresas
passaram a adotar uma metodologia que está presente até os dias de hoje, com um
controle de qualidade atuando no desenvolvimento do produto, otimizando os
processos e buscando o menor custo e consequentemente a satisfação das
necessidades do consumidor final. Desta forma, atuando sobre todas as
atividades necessárias para lançar e manter um produto no mercado, o controle
de qualidade passa a atuar no marketing, pesquisa e desenvolvimento, projeto e
planejamento, produção experimental, fornecedores, produção, teste e inspeção,
embalagem, transporte e assistência técnica.
Hoje
as empresas têm este tipo de gerenciamento para a qualidade, mas o mercado está
em constante transformação, novas tecnologias surgem a cada dia, o que leva as
indústrias a buscarem novas ferramentas de gerenciamento com objetivo de
atender as necessidades dos consumidores e consequentemente a sobrevivência de
sua marca ou produto. Na estratégia de mercado qualidade é o item número um das
empresas, onde a busca de mercado torna-se impossível sem um planejamento,
controle e melhoramento da qualidade, que são os três processos universais do
gerenciamento para a qualidade.
Logo,
planejamento da qualidade consiste em:
·
Determinar
quem são os clientes.
·
Determinar
as necessidades de seus clientes.
·
Desenvolver
características de produto que respondam às necessidades de sues clientes.
·
Desenvolver
processos capazes de produzir as características do produto.
·
Transferir
os planos para as forças operacionais.
Controle da qualidade
consiste em:
·
Avaliar
o desempenho real do produto.
·
Comparar
o desempenho real às metas do produto.
·
Atuar
sobre as diferença.
Melhoramento da qualidade
consiste em:
·
Estabelecer
a infra-estrutura.
·
Identificar
os projetos de melhoramento.
·
Estabelecer
equipes de projeto.
·
Fornecer
às equipes recursos, treinamento e motivação para diagnosticar as causas,
estimular os remédios, estabelecer controles para manter os ganhos.
Como foi citado por
Deming em seu livro “A Nova Economia para Industrial, Governo e a Educação” o
consumidor não gera nada, ou seja, ele não pede um novo produto, isso é
obrigação das indústrias saberem interpretar as necessidades do mercado. O
cliente espera apenas aquilo que o produto o levou a esperar. É necessário
inovar, prever as necessidades do consumidor, oferecer-lhe mais. A empresa que
sempre busca a inovação estará em destaque no mercado.
Mesmo com todas essas
mudanças, como uma empresa ou principalmente um consumidor pode dizer que um
produto tem qualidade? Qualidade pode ser definida através de cinco abordagens (transcendente,
baseada no produto, baseada no usuário, baseada na produção e baseada no valor)
e oito dimensões (desempenho, características, confiabilidade, conformidade, atendimento,
estética e qualidade percebida) que estão listadas abaixo:
Conceito de qualidade de
acordo com a abordagem:
· Transcendente: Qualidade é sinônimo de “excelência inata”, ou seja, que estaremos aprendendo a reconhecer pela experiência. A abordagem transcendente equipara qualidade ao fino artesanato e a uma rejeição da produção em massa, ou seja, ela valoriza o esforço intenso e seriedade de propósito. É aquela que supera os limites da experiência possível, é uma abordagem subjetiva, onde não existem padrões e conceitos predefinidos para medir e afirmar se um produto tem ou não qualidade.
·
Baseada no Produto: Considera qualidade como uma
variável precisa e mensurável. As diferenças da qualidade refletem assim,
diferenças da quantidade de algum ingrediente ou atributo de um produto. Baseada no Usuário: As definições
baseadas no usuário partem da premissa de que a qualidade está diante dos olhos
de quem observa.
·
Baseada na Produção: Identifica a qualidade baseada na
produção como conformidade com as especificações.
·
Baseada no Valor: Um produto de qualidade é um
produto que oferece um desempenho ou conformidade a um preço ou custo
aceitável, ou seja, a excelência que se pode adquirir.
Dimensões da Qualidade:
·
Desempenho: Refere às características operacionais
básicas de um produto.
·
Características: São os adereços dos produtos,
aquelas características secundárias que suplementam o funcionamento básico do
produto.
·
Confiabilidade: Reflete a probabilidade de mau
funcionamento de um produto ou de falha num determinado período.
·
Conformidade: É o grau em que o projeto e as
características operacionais de um produto estão de acordo com padrões
preestabelecidos.
·
Durabilidade: É a vida útil de um produto.
·
Atendimento: A qualidade no atendimento se
reflete na rapidez e no profissionalismo do serviço prestado.
·
Estética: É uma das dimensões mais
subjetivas, estética é a aparência de um produto, dependendo então do
julgamento pessoal dos envolvidos.
·
Qualidade Percebida:
É a qualidade adquirida junto aos consumidores através da reputação de sua
marca ou produto, ou seja, é a fidelidade que um cliente passa a ter com a
marca quando adquire um produto da mesma que o satisfaça, tornando-se fiel a
todos os seus produtos.
Hoje os produtos têm um baixo ciclo
de vida que obriga a indústria a desenvolver e produzir produtos com altos
índices de qualidade. É obrigação da alta administração a conscientização e
comprometimento da qualidade pelos funcionários de todos os setores, com vimos
nos conceitos e definições de qualidade. Todos os setores têm importância no
gerenciamento para a qualidade, e com isto traçar a melhor estratégia de
mercado. Para isso, a alta direção tem de apresentar a definição de maneira
clara aos seus funcionários e a melhor maneira de se fazer e apresentar
exemplos e estudos de caso dos problemas enfrentados pela empresa ou pela
concorrência. A alta administração tem de ter humildade e paciência para saber
ouvir seus funcionários, pois muito mais que empregados eles são também
consumidores que, como qualquer outro, tem a liberdade de adquirir o que quiser
e em qualquer lugar, além de conhecer de perto todas as dificuldades que
envolvem o processo produtivo.
A
educação foi um dos pontos fundamentais para que o Japão se tornasse uma
referência mundial em
qualidade. Em 1956, eles criaram o primeiro rádiocurso em
controle da qualidade, tornando acessível às filosofias e as ferramentas da
qualidade a toda a população e, principalmente, levando-a a adquirir o hábito
para o estudo e consequentemente ao empenho de sempre se atualizar. Com isso,
padronizou os conceitos e conscientizou a população sobre a importância da
qualidade para suas vidas e principalmente para a reconstrução da economia de
seu país após a Segunda Grande Guerra.
O mercado passou a ter a tendência de
buscar os produtos pela qualidade ao invés de um produto pelo preço. Para
atender essa demanda muitas empresas não sabiam como conseguir a qualidade,
elas nomearam gerentes para gerenciar para qualidade. Muitas vezes eles optaram
por respostas imediatas que deram resultados num curto período, mas as mudanças
de comportamento e tecnologia levam a uma busca constante pelas ferramentas de
gerenciamento da qualidade.
Para
se alcançar a qualidade em um produto as empresas têm de saber como determinar
a principal característica de um produto no intuito de satisfazerem as
necessidades dos clientes, pois, após definirem a verdadeira característica da
qualidade, devem estabelecer os critérios para a sua determinação e avaliação.
Feito isso a empresa deve estabelecer as características secundárias que
diferenciam os seus produtos da concorrência. Um exemplo seria um televisor,
onde as qualidades serão medidas numa melhor resolução de imagem e som, que são
as características principais que proporcionam um melhor desempenho do produto.
As características secundarias, que atrairiam a atenção do consumidor, são as
entradas de áudio e vídeo, relógio, timer,
manual na tela, controle remoto luminoso, etc.
Uma dimensão da qualidade que vem
tendo uma grande importância é a rapidez de atendimento, mais comum nas
empresas prestadoras de serviço, mas que também é aplicado na indústria.
Uma
indústria pode produzir um produto com a mais moderna ferramenta de controle da
qualidade e tecnologia, mas se ela não se preparar para ter uma distribuição
rápida de seus produtos nos postos de vendas o cliente achará mais vantagem
comprar uma marca concorrente ao invés de se deslocar até uma outra loja. Outro
ponto importante no que diz respeito à rapidez no atendimento pode ser visto
nos serviços de pós-venda, principalmente para aqueles produtos que precisam de
manutenção, levando a uma insatisfação no tocante à marca que deixou de
atendê-lo quando mais precisou. O atendimento também pode ser fundamental para
as consultas de dúvidas de um cliente com relação a alguma característica ou
desempenho do produto, pois caso a empresa não o atenda ele buscará, sem nenhum
remorso, a concorrência.
O controle de qualidade não pode mais
ser considerado um setor isolado que se responsabiliza somente pela inspeção,
manutenção e gestão da qualidade. O controle de qualidade tem de fazer parte de
todos os setores da empresa, pois todos têm a obrigação de atender os clientes
com todo o profissionalismo e da melhor forma possível.
O Atendimento e a Qualidade Percebida
são as duas dimensões da qualidade que vêm se tornando um diferencial entre as
empresas, são duas dimensões que fortalecem o nome da empresa ao invés do
produto. Como já foi citado, o produto com qualidade deixou de ser um
diferencial para ser uma necessidade e principalmente uma obrigação. O
diferencial entre os produtos está no relacionamento que a empresa tem com seus
clientes, o fortalecimento de uma marca passa a ser o maior diferencial, pois
um produto tem o seu ciclo que se encerra após o lançamento de um mais moderno
ou da substituição, ao contrário de uma marca que encerra com a fama de um mau
atendimento ou um produto de péssima qualidade que não deixa de ser um mau
atendimento às necessidades do cliente.
Os conceitos de qualidade são muito
mais subjetivos do que objetivos, por isso para utilizar estes conceitos
visando ter uma boa participação no mercado e produzindo produtos considerados
de qualidade, primeiro deve-se determinar qual é o seu mercado consumidor,
determinar seus desejos, suas necessidades e frustrações em relação a uma marca
ou produto concorrentes, definindo em qual ou quais dimensões da qualidade deve
estar focado. Evite o ataque direto com seu concorrente direto, principalmente
se ele tiver um domínio do mercado.
Hoje, com o mercado cada vez mais competitivo e dinâmico,
onde as empresas têm de atender diversas necessidades, torna-se muito
importante o gerenciamento dos prazos e da informação. Busca-se cada vez mais
qualidade e tecnologia no intuito de atender às suas necessidades básicas. A
concorrência não se encontra mais na esquina e sim nos outros países,
principalmente pelo fato de fazermos parte de um mercado globalizado, no qual
as indústrias buscam padronizar os seus produtos e investem cada vez mais no
desenvolvimento de novas técnicas e processos, tornando seus produtos
competitivos e atraindo a atenção dos consumidores de todo mundo para as suas
marcas e produtos.
9.0
Referências:
·
Cheng, L. C., J.
M. Silva e F. P. A. Lima – Desafios da
Qualidade e Produtividade à engenharia de Produção do Brasil, Revista
Produção, Belo Horizonte, v.04, no. 02, p.127-140, 1994.
·
Garvin, D. A. – Gerenciamento a Qualidade, Editora
Qualitymark, Rio de Janeiro, cap. 3 e 4, 1992.
·
Deming, E. W. - A Nova Economia para Industrial, Governo e a
Educação, Editora Qualitymark, Rio de Janeiro, cap. 1,2 e 4, 1997.
·
Juran, J. M. – Juran na Liderança pela Qualidade,
Livraria Pioneira Editora, São Paulo, cap. 1 e 2, 1995.
·
Ishikawa, k. – TQC – Total Quality Control: Estratégia e
Administração da Qualidade, IM&C Internacional, São Paulo, cap. 1-3,
1984.
·
Normas ISO 9000
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